Em
Aschau começam os primeiros vislumbres da vocação sacerdotal, o jovem Ratzinger
se deixa tocar pelos atos litúrgicos do povoado os quais frequenta com piedade,
entrementes o avanço do novo sistema político e, com ele, a oposição da Igreja.
Em fevereiro de 1937 tem lugar a Kristallnacht em que as juventudes hitleristas
apedrejam as vitrines das lojas dos judeus. Pouco tempo depois Pio XI promulga
a Encíclica Mit brennender Sorge, em que condena as teorias
nacional-socialistas. Neste ano seu pai, então sexagenário, aposentou-se e a
família mudou-se para Traunstein.[16]
Nos
anos de ginásio em Traunstein aprendera o latim que ainda era ensinado com
rigor, o que muito lhe valeu como teólogo, pode ler as fontes em latim e grego
e, em Roma, durante o Concílio, comenta, foi-lhe possível adaptar-se com
rapidez ao latim dos teólogos que lá se falava, embora nunca tivesse ouvido
palestras nessa língua. A formação cultural com base na antiguidade
greco-latina propiciada naquele ambiente "criava uma atitude espiritual
que se opunha às seduções da ideologia totalitária"[17]
Com
o Anschluss e a fronteira da Áustria aberta a família pode ir com mais
frequência a Salzburgo e em peregrinação a Maria Plain, ali puderam assistir a
diversas apresentações musicais: "Foi ali que Mozart entrou até o fundo da
minha alma. Não é um simples divertimento: a música de Mozart encerra todo o
drama do ser humano", afirma.[18] Pela Páscoa de 1939 ingressa no
seminário-menor em Traunstein, por indicação do pároco, para que pudesse
iniciar de forma sistemática na vida eclesiástica.
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