Novo Testamento: Carta aos Gálatas

DA ESCRAVIDÃO PARA A LIBERDADE

Introdução

A Galácia não era uma cidade, mas uma região da Ásia Menor. Na segunda viagem missionária, Paulo atravessou «a Frígia e a região da Galácia» (At 16,6), e aí fundou comunidades, depois visitadas (At 18,23) durante a terceira viagem (53-57 d.C.). O livro dos Atos mostra que Paulo permaneceu longo tempo em Éfeso (At 19,1-21,1). Foi aí, provavelmente, que o Apóstolo teve notícias de um ataque contra ele e sua doutrina em meio às comunidades da Galácia. Alguns judeu-cristãos, ligados a certos círculos de Jerusalém, queriam impor aos pagãos convertidos a circuncisão e a observância da Lei mosaica. Além disso, ridicularizavam Paulo, negando a sua autoridade de apóstolo, porque ele não pertencia ao grupo dos Doze. Diziam também que a doutrina sobre a caducidade da Lei era invenção de Paulo, e não correspondia ao pensamento da igreja de Jerusalém.


A carta aos Gálatas foi escrita no fim da estada de Paulo em Éfeso, provavelmente no inverno de 56-57. É a única carta de Paulo que não começa com ação de graças e não termina com bênção, fato que testemunha a sua indignação. De fato, em tom agressivo, ele defende o seu apostolado e doutrina, reafirmando que o Evangelho nada tem a ver com a Lei mosaica nem com qualquer outro tipo de espiritualidade legalista.


A carta aos Gálatas foi definida como o manifesto da liberdade cristã e universalidade da Igreja. Daí a sua importância. Contudo, libertação de quê e para quê? Libertação de uma vida programada externamente por um minucioso código de regras e leis, que conservam o homem numa atitude infantil diante da vida. Libertação para uma vida adulta e consciente, graças ao uso responsável da liberdade. A vida do homem não deve ser determinada por um código de leis, mas por compromisso pessoal e íntimo com Cristo, que está presente no profundo do ser humano (2,20). A liberdade é conduzida pelo amor a si mesmo e aos outros, amor que é compromisso ativo com o crescimento do outro (5,6.13-14).