Introdução
Esta carta foi escrita «aos que vivem dispersos como estrangeiros» por todas as regiões da Ásia Menor. São, portanto, migrantes que vivem fora da pátria (1,17), seja porque partiram em busca de trabalho para sobreviverem, seja porque eram escravos comprados que permaneciam na casa de seus senhores, longe do local de origem. Esses cristãos tinham deixado suas raízes, os parentes e amigos e se encontravam em situação de isolamento em regiões que não lhes davam o aconchego e acolhida que tinham na própria terra. Sofriam humilhações, injúrias, perseguições por serem estrangeiros e cristãos. Pedro escreve, mostrando que a união entre eles, seja na família, seja na comunidade, há de ser tão fraterna e acolhedora, que formem juntos a «casa de Deus». Por isso, a carta respira clima de alegria, fraternidade e esperança. Essa união e enraizamento na fé, através de um testemunho de vida, será a retaguarda sólida diante de uma situação hostil (3,13-17; 4,4-5).
Por isso, no texto a vida cristã aparece como algo simples e imediato. Não há diretivas complicadas de vida; unicamente o senso fundamental do amor e da lealdade. Ameaçados pela perseguição e na expectativa de um próximo fim do mundo, esses cristãos não pensam em mudanças estruturais para a construção de nova sociedade; aceitam as estruturas e condições de sua época, procurando dentro desse contexto testemunhar a justiça, a lealdade e o sentido da responsabilidade humana. É nesse ambiente que devemos ler as passagens sobre os escravos, as mulheres e o poder público (2,13-3,7).
A carta foi escrita de «Babilônia», que provavelmente designa a cidade de Roma (cf. Ap 18,2.10.21). A data provável é o período imediatamente anterior à perseguição desencadeada por Nero no ano 64 d.C.
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