Novo Testamento: Segunda Carta aos Tessalonicenses

RESISTÊNCIA EM MEIO AOS CONFLITOS

Introdução

A segunda carta aos Tessalonicenses foi escrita pouco depois da primeira. Aqui, a preocupação não é quando vai acontecer o fim do mundo, mas como devemos comportar-nos na espera de que isso aconteça. Algumas pessoas da comunidade de Tessalônica, ouvindo falar que Jesus Cristo glorioso deveria vir em breve, se refugiavam numa falsa idéia de que as perseguições não mais aconteceriam. E com isso estavam perdendo a garra cristã de lutar pela construção do Reino. A carta retoma um dado importante: a fé cristã se expressa neste mundo concreto e, por isso, jamais foge da luta ou teme o conflito. A atitude de quem espera a vinda gloriosa de Cristo não é acomodar-se ou cruzar os braços, como se não houvesse mais nada que fazer neste mundo, senão olhar para o alto à espera de que tudo caia de repente lá do céu.


Ao falar sobre a proximidade da vinda de Cristo, a carta não se refere a uma urgência de tempo (2,2), mas à urgência do comportamento vigilante e ativo nas situações de perseguição e de opressão: fé ativa (1,11), perseverança (2,5), firmeza no testemunho (2,14), ânimo e coragem (2,17). A carta toma como base de seu ensinamento a apocalíptica, isto é, as coisas que falam sobre o fim do mundo. A etapa da história em que vivemos é a última. Por isso, a luta deve ser mais corajosa e cheia de esperança, pois a característica daqueles que esperam a chegada gloriosa do Reino de Deus é a resistência contra as forças do mal. É o que a carta procura incutir. A comunidade de Tessalônica estava ameaçada de perder o impulso que torna o cristianismo dinâmico e causador de profundas transformações históricas na sociedade. Ao se tornarem passivos e ao não admitirem a situação de conflito, ameaçavam fazer do cristianismo uma religião estática, que mantém a situação, e não uma fé ativa que transforma o mundo e provoca a vinda definitiva de Cristo e do seu Reino.