A FÉ É PRÁTICA DA JUSTIÇA
Introdução
A Carta de Tiago é um escrito de caráter sapiencial, isto é, mostra a sabedoria do discernimento cristão diante das situações. Dirige-se a todas as comunidades cristãs, simbolizadas pelas «doze tribos» do novo povo de Deus. O autor se apresenta como Tiago, o irmão do Senhor (cf. Mc 6,3), que dirigiu a igreja de Jerusalém (cf. At 15,13) e morreu mártir no ano 62. Diversas razões, porém, fazem pensar que o verdadeiro autor da carta é judeu de origem grega do final do século I, e que escreveu a carta entre os anos 80 e 100.
Esta carta é mensagem tipicamente cristã, como os Evangelhos; reduz toda a Lei judaica ao mandamento do amor ao próximo (1,25; 2,8.12). Pode-se dizer que é explicação das exigências desse mandamento em diversas circunstâncias: igualdade cristã (2,1-4), preferência pelos pobres (2,5-7), amor ativo (2,14-17). Esse amor exclui a exploração, e nesta carta encontramos a mais violenta passagem do Novo Testamento contra os ricos (5,1-6). A fé aqui é vista como dinamismo que produz ação e que só é madura quando se expressa em atos concretos (2,20-26); é fé que rejeita qualquer espiritualidade ou religiosidade individualista e intimista (1,26-27). Da mesma forma, a verdadeira sabedoria se expressa pela conduta (3,13-16).
Tiago rejeita a consagrada separação entre «dimensão vertical» e «dimensão horizontal» da vida cristã: «do mesmo modo que o corpo sem o espírito é cadáver, assim também a fé: sem as obras é cadáver» (2,26). E são estas as obras citadas no contexto: dar de comer ao faminto e vestir o nu (2,15-16; cf. Mt 25,35-36).
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