Não desanimar na fé
Introdução
Esta pequena carta atribuída a Judas, irmão de Tiago e parente de Jesus, provavelmente foi escrita no fim do sec. I. Seja quem for o autor, ele conhece bem a literatura judaica do seu tempo, os textos chamados apócrifos, que ele cita, e dos quais está muito próximo pelo estilo.
É um discurso violento, mas, ao mesmo tempo, estranho e surpreendente; muitos particulares aí acenados são desconhecidos totalmente por nós. Entretanto, o cerne de sua preocupação é bastante claro: a necessidade de defender o essencial da fé com unhas e dentes e de denunciar com coragem as aberrações de um misticismo imoral. Parece que o autor ataca alguns grupos que pretendiam possuir uma forma particular de conhecimento. Estes provocavam a desunião da comunidade, até mesmo nas reuniões. A essas pessoas que se consideravam «espirituais», e que chegavam a negar que Jesus Cristo é o Senhor, o autor os acusa de estarem dominados por seus interesses e instintos e não pelo Espírito.
Essa violenta intervenção deve ter tido certo êxito, pois é retomada na segunda carta de Pedro, embora com alguns retoques. Não devemos ficar admirados com a sua violência, que não tem medo de usar formas injuriosas. Trata-se, freqüentemente, de fórmulas fixas na literatura religiosa da época. Mais digna de nota é a preocupação profunda da carta: não permitir que o mistério cristão se enfraqueça.
Nessa acusação contra os que pervertem a fé em Cristo e a fé cristã, o autor cita os ímpios mais famosos da Bíblia: o povo revoltado no deserto (Nm 14,26-35), os misteriosos seres celestes de Gn 6,1-3, Sodoma e Gomorra (Gn 19,1-29), Caim (Gn 4,1-24), Coré (Nm 16,1-35).
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